A CULPA É MINHA?

Troca a palavra culpa pela palavra responsabilidade. O Amilton te fala qual o significado delas e diz porque pode ser melhor fazer essa troca.

Um dos mais presentes sentimentos em nossa vida é a culpa, principalmente nós, ocidentais que fomos criados dentro de tradições morais e religiosas que a enfatizam e confundem com o sentimento quase oposto, o de responsabilidade.

Mas por que afirmo que a responsabilidade é um sentimento quase oposto ao de culpa?

Cada vez que você sente culpa por algo, por alguma situação, ou por qualquer motivo, você assume que você foi o causador da mesma, e isso lhe traz o sentimento paralisante de autocomiseração, auto piedade.

O culpado fica preso numa espiral de sentimentos negativos, em que, mesmo de forma inconsciente, tenta se punir pelo ato praticado, e isso pode perdurar até por uma vida inteira, paralisando ou atrasando de maneira considerável o seu progresso.

E quem de nós já não se deparou com esse sentimento, e depois se deu conta de que ficou um bom tempo “ruminando” isso, perdendo chances preciosas de avançar, progredir, e até mesmo de resolver a questão que foi a causa de tudo.

Ao contrário, se trocarmos o sentimento de culpa pelo de responsabilidade, estamos reconhecendo nossas faltas, mas não estaremos paralisados em nossas ações.

O sentimento de responsabilidade traz consigo um chamado à ação nos instiga a agir, a fazer algo, enquanto a culpa nos coloca em estado de prostração, contemplando nossos erros.

Ao deixar a culpa para trás, e assumir no seu lugar a responsabilidade, estamos nos tornando os protagonistas da nossa história, os timoneiros de nossas vidas. Ela nos obriga a atitudes urgentes e edificantes.

Reconhecer nossa falta ou erro é a primeira imposição da responsabilidade, e qualquer orientador lhe dirá que é o primeiro e obrigatório passo para solucionar um problema. Em seguida nos obrigamos a confrontar a situação, analisar sua extensão, e contabilizar seus estragos ou prejuízos. Com isso conseguimos avaliar o “tamanho da encrenca”, algo que a culpa não nos deixa fazer.

Com estes dois passos importantes e imprescindíveis, já realizamos um progresso enorme, nos conhecemos melhor, aprendemos com a nossa falha, mas também assumimos uma postura construtiva, proativa, um chamamento à ação.

A partir deste momento, já temos o aprendizado e o diagnóstico, mas a responsabilidade nos chama a mais do que isso, agora que já sabemos onde erramos e a extensão dos danos, temos que traçar um plano para reparação, um caminho para tomar atitudes e posições que nos levem a reparar o mal causado, seja a nós mesmos ou a outras pessoas.

Mas muitas vezes este mal já ocorreu, o tempo já passou, e não há reparação possível, por diversos motivos, até mesmo a situação pode ter desaparecido, mas restou o fato de que fomos o móvel e responsável pelo ocorrido. Mesmo neste caso, a responsabilidade é um instrumento para nosso progresso e aprendizado, pois então iremos mudar nossas atitudes, nosso comportamento, de forma a evitar que possamos cair novamente nos mesmos erros do passado.

Disso, concluímos que a responsabilidade instrui, ao passo que a culpa apenas nos paralisa, nos afeta negativamente e impede que possamos tomar atitudes ativas e de resolução dos problemas, deixando os sem solução, prejudicando inclusive aquelas pessoas que foram atingidas por nosso erro.

Assumir a responsabilidade, fazer com que as ações decorrentes disso sejam tomadas por mim, assim como a busca da solução, e com isso colher o aprendizado, a experiência e o progresso.

Então, respondendo a pergunta do título “A CULPA É MINHA?” não, não é, mas a responsabilidade sim, essa é minha e devo assumi-la.

Amilton de Souza Maciel

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