Como está teu “coração”?
Se está bem, que bom saber! Se não está bem ou se você conhece alguém que esteja sofrendo, quem sabe este texto possa ajudar de alguma forma?
Muitos de nós passamos pela experiência da rejeição e somos machucados ou sentimos solidão. Em vários casos a dor é tão intensa que literalmente parece “partir nosso coração”.
Mas o que é um coração partido?
Sintomas
Os sintomas podem estar mais evidentes naquelas pessoas que conseguem expressar a tristeza. Algumas relatam que é como se “o mundo tivesse acabado”, mostram-se enfraquecidas para reagir e, muitas vezes, experimentam a sensação de culpa por não ter conseguido conquistar ou manter um amor.
A pessoa que sofre uma desilusão pode até experimentar a dor de um “luto”, por exemplo, quando alguém com quem conviveu bastante tempo simplesmente prefere seguir outros caminhos.
Em outras pessoas não se percebe claramente o quanto estão sofrendo. E, na verdade, ninguém consegue ter uma noção exata do quanto uma pessoa está machucada, só ela mesma ou às vezes nem isso, pois muitos que sofrem tentam bloquear a dor, não a deixando vir à tona, como se tivessem feito um curativo pra não enxergar o tamanho da ferida, tipo: “não quero nem pensar nisso, vou fingir que nada aconteceu…”. Os sintomas podem estar nas entrelinhas, por exemplo, a pessoa passa a agir de forma diferente: ou muito apática ou muito acelerada, passa a comer demais ou de menos, deixa de se cuidar ou passa a exagerar nos cuidados pessoais/aparência física etc.
É triste dizer isso, mas é muito mais fácil aos que nos rodeiam levarem a sério uma dor física do que uma “dor na alma” e se os entes queridos não tiverem a compreensão e não buscarem acolher aquele que está em sofrimento, o quadro pode vir a se agravar levando a somatização para doenças físicas e até perturbações espirituais.
O que é acolher?
Segundo o psicólogo norte americano Carl Rogers (abordagem psicológica Humanista) buscar acolher alguém significa colocar-se presente para o outro, com respeito, humildade e consideração pelo seu valor e sua individualidade, mostrando desejo sincero de compreender seu sentimento, sua dor.
É preciso ter em mente que não dá pra controlar o que o outro sente, mas dá pra controlar o que você sente a respeito daquela situação. E isso serve para ambos os lados: para quem sofre e para quem está vendo o outro sofrer.
Ou seja, quem sofre gostaria de controlar, por exemplo, o que o ser amado sente, que ele corresponda ao seu amor.
E quem está vendo o outro sofrer, geralmente gostaria de controlar a situação, que a pessoa se recupere logo. Mas sofrimento não tem prazo pra expirar… Cada um de nós merece ser respeitado no seu próprio ritmo e tempo pra melhorar.
Vale lembrar também…
…que todo ser humano tem a necessidade de se sentir amado e de se conectar. É natural termos uma certa carência…, mas uma boa dica, na minha opinião, é buscar refletir se não estamos projetando nossa carência só no outro, ao invés de primeiro aprendermos o autoamor. Nem sempre enxergamos que para se ter relações prazerosas e saudáveis, precisamos primeiro nos amar. Jesus sabiamente deixou esse ensinamento pra gente: “Amai ao próximo como a ti mesmo”.
Tem receita?
É óbvio que não existe uma “receita” única e certeira para um coração partido.
A vida de ninguém se desenrola exatamente como a pessoa planeja, nem mesmo o próprio planejamento dela antes de reencarnar. As variáveis são inúmeras por conta do livre arbítrio de cada um de nós. Então, em algum momento da nossa existência nosso coração pode ser machucado uma ou várias vezes.
Fazer terapia, bem como tratamento espiritual podem ser recursos extremamente proveitosos para aliviar e ressignificar o estado doloroso em que se encontra uma pessoa.
Eu adoro as reflexões da psicóloga e neuropsicóloga Débora Carvalho, então pra concluir aqui, coloco alguns trechos de reflexões dela que me marcaram: “a felicidade é a resultante da aplicação do nosso conhecimento no cotidiano (…) a experiência dolorosa vai passar e vai gerar bons frutos! É no desconforto que a gente cresce”.
Portanto, penso que dar um outro significado para o sofrimento, se conectar com quem te respeita e valoriza e trabalhar a autoestima podem ser um ótimo caminho!
Luz, paz e amor!!
SORAIA DE OLIVEIRA GATTO
Palestrante Espírita, Estudante 4º ano de Psicologia
Referências
Luis Maciel, Psicólogo, Psicoterapeuta, Professor, Supervisor e Palestrante: Carl Rogers, “O que significa acolher?”
https://pt-br.facebook.com/acprogers/posts/1955932824670560/
Débora Carvalho, Psicóloga, Neuropsicóloga,
https://www.netflix.com/br/title/81473201: “Você é minha Primavera”
Esse sentimento de “dor na alma” tive a experiência de sofre-lo algumas vezes na minha vida. Posso dizer, com experiência de causa, que é semelhante à dor do duelo da morte: pois, literalmente, senti que uma parte de mim morria com o desaparecimento de um ser amado.
A “dor da alma” é tão profunda que pedi a Deus que pudesse transformá-la em dor física, já que nesse momento, não havia nenhum remédio para acalmar esse “coração partido”.
É certo, e por demais subjetivo medir com exatidão essa dor insuportável do coração partido. Cada um mede segundo o seu grau de tolerância à dor que sente; ou à dor que aguenta. É tão forte que se hoje mesmo tivesse que passar novamente por essa dor não teria a suficiente força mental para suportá-la.
Sou uma pessoa que crê em Deus e sei que nos momentos que Ele permitiu que eu sofresse tão profundamente foi quando Ele soube que eu suportaria, e como o Ave Fênix ressurgiría das cinzas com um espírito mais leve e fortalecido; e segundo a minha religião católica, estaria purgando, por dizer assim; a minha alma para poder um día, elevá-la ao Céu.