A DOUTRINA ESPÍRITA NOS CHAMANDO DIARIAMENTE A REVISAR POSTURAS E SENTIMENTOS

Fechamos nossa edição com a reflexão da Taísa. Como nós espiritas, que estamos tentando nos melhorar todos os dias aproveitamos nossas situações diárias pra alterar comportamentos e transformar sentimentos.

Uma das primeiras tarefas da reforma íntima é reconhecer os sentimentos. É o processo básico e inicial do autoconhecimento. Com ele, identificamos também muitas virtudes, mas nos deparamos também com nossa personalidade e nossas  fraquezas.

Parece simples, como se fôssemos traçar uma matriz e um plano de ação para atingir nossa meta evolutiva. Entretanto, esta não é uma análise para ser feita uma única vez e então ser feliz. Não, na verdade ela é constante, diária e longa.

Todos os dias temos oportunidades de questionar nossos pensamentos e atitudes e perceber onde precisamos melhorar. Muitas vezes, um vício se apresenta de maneiras diferentes e somos surpreendidos por algo que já havíamos dado por superado.

Quando pensamos em egoísmo, inveja e vaidade, sabidamente os maiores vícios da humanidade no estágio em que se encontra, nos imaginamos distantes deles. Entretanto, os sentimentos não são como objetos, com bordas e fronteiras definidas – são, sim, complexos e muitas vezes difíceis de diagnosticar. Ainda quando nos   “achamos” sensíveis e caridosos, podemos ter em nossos sentimentos resquícios de vícios que precisam ser trabalhados.

Há algum tempo tenho observado e convivido mais com pessoas com deficiências. Diferentes tipos de deficiências e dificuldades. Diferentes pessoas, diferentes espíritos. Mas o que eu comecei a perceber foi uma mudança de postura dentro de mim. Convivendo mais com estas pessoas, comecei a perceber que algo no meu pensamento me incomodava.

Acredito que por ter me interessado e estudado desde criança a lei de ação e reação, automaticamente eu ficava pensando o que teria acontecido, o que aquele espírito teria feito numa vida passada para estar passando por este problema hoje. Não duvido que muitos espíritas pensem da mesma forma. Demorou anos para eu perceber que isso era uma grande falta de altruísmo da minha parte e que, na verdade, eu estava me julgando melhor do que aquela pessoa. O que parecia inicialmente compaixão, se mostrou para mim uma grande falta de humildade.

ILUSTRAÇÃO TEXTO TAISA

Quando pensamos no nível de evolução do nosso planeta, esquecemos que todos aqui passamos por provas e expiações, que todos aqui estamos basicamente no mesmo nível evolutivo. Sim, nos esforçamos muito para evoluir e uns podem até ter mais consciência do que outros, mas todos temos resgates.

Quando vejo agora uma pessoa com deficiência, antes de mais nada reconheço naquele espírito a coragem e a determinação. Coragem que pode ter me faltado nesta vida ou em outra, mas que não faltou para aquela pessoa que assume uma dura prova. Aquela pessoa que decide tomar um remédio mais amargo para alcançar mais rápido a cura. Não quer dizer que eu não tenha um resgate tão grande quanto o dela, mas que talvez eu não tenha a mesma coragem e prefira doses mais brandas do remédio e um tratamento mais longo.

Busco hoje diariamente meu autoconhecimento e maneiras de identificar em minha vida quais remédios estão à minha disposição. Confronto meus sentimentos e pensamentos e procuro continuamente oportunidades de melhoria. Mas nem por isso “me acho” melhor do que ninguém.

Taisa Bacharini

 

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