ARTE E IDEOPLASTIA

Arte, Espiritismo, Pensamento, Sentimento, Beleza, Ciência. Esse nosso novo colaborador nos fala da relação entre tudo isso.

Muito temos falado aos irmãos Espíritas da Arte do ponto de vista moral antropológico. Mas que tal aumentarmos o nosso campo de visão e colocar a influência da Arte sob uma ótica de ciência espírita?

Começaremos elucidando o que nós chamamos de Ideoplastia que significa “modelagem da matéria pelo pensamento”, como nos informa André Luiz em Mecanismos da Mediunidade.

É muito comum falarmos sobre as formas de pensamento que gravitam sobre as pessoas que se fixam em determinadas imagens que, na realidade, são frutos das telas mentais geradas por seus sentimentos e impressões. Também é curioso o processo de fixações mentais no Plano Espiritual, em processos dolorosos de longa duração, por conta das ideias demasiadamente presas a sentimentos perturbadores, assunto esse ricamente abordado tanto nas obras de André Luiz, através da psicografia do médium Francisco Candido Xavier, quanto em obras psicografadas por médiuns como Divaldo Pereira Franco entre outros.

Mas todo ser que é sensível à beleza, ganha muito em termos de sentimento trazendo para dentro de si riquezas eternas que o seguirão por toda a sua existência.

A Arte, seja ela a música, o teatro, a plástica, a dança ou a literatura, é uma poderosa influenciadora de sentimentos, logo a pessoa que entra em sua sintonia se vê imediatamente envolvida por o seu efeito benéfico, entrando em comunhão com a Espiritualidade Superior ou descendo para o charco da melancolia e da revolta injustificável.

É comum se dizer “é tão triste que chega a ser lindo!” Ou então “eu quero afogar as minhas mágoas nesta obra”; sabemos que tudo é vibração e que toda a matéria existente não passa de átomos e moléculas em movimento constante, tendo como matriz o que Kardec classificou pelo nome de Fluido Cósmico Universal, especialmente abordado em A Gênese. Lembramos que pensamento também é matéria, mas em outra vibração, mais sutil e quintessenciada.

Diferente dos animais nós somos dotados do que André Luiz, em Evolução em Dois Mundos, chamou de “Pensamento Continuo”, e é justamente isso que faz importante a nossa postura elevada quando se trata de emitirmos nossas vibrações, pois carregamos a nossa energia por onde quer que formos.

Ao ouvirmos uma música que fala de flores, luzes ou de paz, o nosso “Campo de Energia”, obedecendo aos impulsos das ondas sonoras, plasma em torno de nós o que nos transmite esta mensagem sonora. Mas se ouvimos canções nas quais se fala de tristeza, revolta ou um gozo de paixões sem limite, eis que imediatamente o nosso padrão vibratório muda, dando vazão às fixações de natureza inferior.

A arte sempre sofrerá mudanças de acordo com a época e as ideais, ou seja, o meio, no qual for produzida e quando a arte se modifica, modifica também àqueles a quem ela se dirige. O Espiritismo, que consola e esclarece, aponta novos rumos à arte, rumos sem finalidade puramente religiosa, antes educativa. O artista que encontra no ensino espírita suas ferramentas de trabalho realiza o que diz Kardec: “A Arte espírita, (…) inspirar-se-á nos vaporosos e esplêndidos quadros da vida futura que se desvenda”.

Assim, o poeta, antes curvado e pessimista quanto a sua destinação depois da morte, lança ao mundo o seu poema de gratidão a Deus e à imortalidade, fazendo com que tantos outros com ele elevem suas cabeças para além da nossa pequena realidade. O dançarino transmitirá a dinâmica da evolução e usará a energia de seus movimentos para expressar-se mais pela beleza de seus movimentos que pela massa dos seus corpos.

A beleza de uma obra está na vibração que ela produz.

 A arte tem que ter urna finalidade útil para sociedade já que ela é parte integrante de nossas vidas; o artista deve levar o homem às lágrimas, mas não de amargura e sofrimento, e sim de êxtase e elevação espiritual. Sabemos que, enquanto exposto a uma criação artística, estabelecemos sintonia com a mesma, e é o que verdadeiramente atesta o poder contagiante da arte como influenciadora de ideais e, quando os ideais são superiores, elevam o ser retirando-o das suas preocupações costumeiras, despertando-o para a realidade do espirito.

Podemos ajudar muitas pessoas a pensar no bem, auxiliando-as a se desvencilharem de suas fixações mórbidas, tal como ideias de suicídio, transmitindo lhes, através do belo as aspirações a uma vida melhor, repleta de cores, harmonias, poesias, riqueza de expressões e otimismo; podemos, através da arte elevada, sorver das nossas inspirações elementos de progresso ao bem comum, transmitindo a quem parou no meio do caminho, ânimos novos para o seu retorno à seara do Cristo.

CLAYTON PRADO

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