CONVITE À INTRODUÇÃO

Na correria do dia a dia, quando você se vê obrigado a iniciar a leitura de um livro, você costuma “pular” a introdução? Glaucia talvez te faça mudar essa prática neste artigo.

Quando compra um livro, você é do tipo que “pula” a introdução e os prefácios e vai direto à história? Ou você é daqueles curiosos que dá uma olhadinha no último capítulo para ver se no final a mocinha vai se dar bem? Ou acha as introduções uma chatice sem fim?

Afinal, para que serve a introdução de um livro?

Na introdução, o autor explica o processo criativo, conta como é que construiu aquela história e o que o influenciou. Na verdade, ele prepara o leitor para o que vem pela frente. É mais ou menos como receber um convite para uma festa, com a sugestão da roupa que a gente deve usar. Se você for com a roupa errada, não vai aproveitar tanto a festa.

Com o livro é mais ou menos isto. Livros relevantes trazem no prefácio as informações privilegiadas para o leitor atento. A partir dessas informações, a leitura para a ter um rumo que te levam a compreender e a aproveitar melhor o conteúdo da obra.

E porque estou contando isto? Para contar que a introdução mais relevante que li até hoje foi a do livro O Evangelho Segundo o Espiritismo. Pouca gente leu. Mesmo quem faz o Evangelho no Lar toda semana, pula a Introdução, como se ela não fosse parte do livro.

Na Introdução, Kardec começa contando que o Evangelho contém a doutrina moral de Jesus. E explica que, para isto, extraiu dos textos dos Evangelistas os ensinamentos convergentes (sim, é por isto que cada capítulo se inicia com os extratos dos textos evangélicos). Depois, ele nos conta que dispensou tudo o que sempre gerou separação e polêmica entre os estudiosos das religiões (os atos comuns da vida de Jesus, as profecias e os dogmas que só serviram para dividir a igreja). Não interessa a Kardec se o corpo de Jesus era material ou espiritual; a forma de sua concepção; a virgindade de Maria etc. Não. Nada disto é maior do que a essência dos ensinamentos morais de Jesus, nos conta Kardec.

Kardec mostra também que Jesus, como outros grandes mestres e espíritos de luz que encarnaram antes dele, como Sócrates, não deixou ensinamentos escritos. A oralidade era uma marca desse período e o conhecimento era transmitido por meio de aulas aos discípulos.  Estes últimos eram os relatores e intérpretes dessas aulas. E, como intérpretes, cada um transmitia aquilo que era capaz de compreender. Daí a importância da comparação dos textos e a busca pelas convergências.

Esse método já tinha sido utilizado por São Jerônimo, no século IV, ao escolher os textos denominados como “canônicos” para a composição da Bíblia latina. Kardec burila esse trabalho, na busca incansável pela essência do pensamento de Jesus.

Na Introdução, Kardec nos desvenda o que vamos encontrar no O Evangelho. É mais ou menos como poder olhar nos bastidores.

Agora, vai lá. Pega a Introdução e veja como essa leitura muda a forma como a gente interpreta o trabalho de Kardec e a interpretação de todo o legado de Jesus.

Boa leitura!

GLAUCIA SAVIN

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