A DISFUNÇÃO ESPIRITUAL DA CASA ESPÍRITA

As casas espíritas estão cumprindo o seu papel? Aquele que nos foi revelado nas obras de Kardec pela espiritualidade? Em que momento nos perdemos e por que.  O Norberto nos fala de como surgem as casas espíritas e porque isso acontece.

Em abril de 1866; conforme publicado na Revista Espírita; Kardec se mostrava preocupado com o impedimento das manifestações de Espíritos, defendida por um grupo que alegava que os Espíritos manifestantes, “seriam ordinários” (Espíritos terráqueos comuns – grifo nosso), e não nos ensinavam nenhuma verdade nova.

Apesar do argumento de Kardec, enfatizando que os próprios Espíritos é que nos revelaram a Doutrina Espírita e, toda esta nova ciência sobre a existência dos Espíritos e, das suas relações com o mundo material, muitos dirigentes de casas espíritas, até hoje, não se utilizam dessas manifestações para reorganizarem os “seus centros”.

Comumente um centro espírita é criado a partir de um médium ostensivo, que atende os amigos em sua casa. Com o crescimento do número de atendimentos, é alugado outro local, o centro vai crescendo, outros médiuns se engajando, mas sempre sob as ordens do médium fundador, o presidente.

Vários “trabalhos” são criados, a casa vai caminhando e na maioria das vezes, não há estudos sistematizados sobre o espiritismo, e o centro vai sobrevivendo com as diretrizes estabelecidas na sua fundação, e, por incrível que pareça, as novas diretrizes são sempre dadas pelo presidente, de acordo com o seu ponto de vista, sem a devida consulta aos Espíritos responsáveis pela organização espiritual da casa, pois os dirigentes se acham autossuficientes para a administração geral e se posicionam como “donos dos centros”.

Não esqueçamos que, a missão do centro espírita é estudar e difundir o espiritismo como uma ferramenta para melhor entender o Evangelho e, ser o ponto de atendimento para Espíritos perturbados que atuam sobre os encarnados, nos processos obsessivos. Se não houvesse a necessidade da participação dos encarnados, como médiuns e das próprias casas espíritas, todo esse processo poderia ser feito na espiritualidade.

Atualmente os centros estão se tornando pontos de atendimento de caridade material, dando ênfase para o assistencialismo e, muitos atuando como se fosse uma ONG, deixando para traz a caridade moral ou espiritual, ou seja, estudo e trabalhos espirituais. Importante ressaltar que fazer caridade material, como distribuição de cestas básicas, enxovais, refeições, etc., é obrigação de qualquer ser humano, independente da sua crença religiosa ou não.

E por que deveremos consultar periodicamente os Espíritos, para que eles nos orientem e deem as diretrizes para o bom andamento dos trabalhos do centro?

Primeiramente porque, a nossa visão como encarnados, é mais restrita que a dos Espíritos, apesar de acharmos que sabemos das coisas.

Segundo, é o dirigente espiritual e sua equipe, que sabem das reais necessidades espirituais do centro, e deveriam nos passar estas informações, para aprimorar nossa colaboração e melhor atende-los.

Terceiro, nós como trabalhadores do centro, somos os médiuns que executam aqui na Terra os trabalhos que os Espíritos não conseguem realizar, por si sós; principalmente nos trabalhos de atendimento fraterno (primeira entrevista), passe, aulas, palestras e desobsessão.

Quarto, as necessidades materiais do centro, devem ser supridas pela boa administração dos encarnados. Não poderemos contar com os Espíritos para isso, pois eles não assinam cheques.

Bom seria, se os centros espíritas estreitassem as relações com os Espíritos; Kardec certamente gostará; principalmente com o dirigente espiritual da casa, através de reuniões regulares, tendo um grupo de médiuns sérios fará a evocação e novas revelações serão recebidas necessárias para o bom andamento do trabalho.

Para não haver mistificações ou animismo no processo, poder-se-ia pedir para que no mínimo três médiuns psicografassem as respostas aos questionamentos, e o dirigente faria uma comparação para dar veracidade às mensagens.

Desta maneira, o centro espírita estaria cumprindo sua missão dentro do Espiritismo, como idealizada pelos Espíritos, codificada por Kardec, e posta em prática por nós.

Norberto Gaviolle

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One thought on “A DISFUNÇÃO ESPIRITUAL DA CASA ESPÍRITA

  1. Adorei as considerações.
    Vou levar para o meu grupo. (Não tenho muita esperança, mas vou fazer a minha parte).

    Grande beijo

    Patrícia Bolzani

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