É POSSÍVEL SER ESPÍRITA SEM SE PREOCUPAR COM O PLANETA?

Dia 05 de Junho foi comemorado em todo o mundo o Dia do Meio Ambiente. E você pode nos perguntar: “Mas o quê o Espiritismo tem a ver com isto?”

O Espiritismo nos abriu o véu que ocultava o acesso à realidade espiritual e, ao nos depararmos com as verdades de outro plano, é natural que passássemos a entender a matéria como um estágio transitório – uma escala para o aperfeiçoamento do espírito. A morada definitiva do espírito é o cosmos.

Em razão disto, muita gente acha que as questões da Terra não importam ao espírito. Ledo engano. Estagiamos presentemente na Terra, que é o planeta que nos foi designado por afinidade energética decorrente da nossa frequência vibratória. Esta é a nossa atual casa.

Muitas religiões orientais pregam a necessidade de harmonização entre o indivíduo e a Natureza, por entenderem haver uma indissociável conexão entre o ser e o mundo que o circunda. E o Espiritismo? O que a ciência, a filosofia e a moral espíritas nos dizem a este respeito?

Kardec, em O Livro dos Espíritos, ao analisar as leis de destruição e conservação, nos mostra o necessário equilíbrio das leis divinas no constante processo de renovação do planeta. Renovação que ocorre em toda parte. Advertem-nos ainda os espíritos da Codificação, que o mundo é capaz de produzir o necessário à população de espíritos que o habita, desde que vivamos com o essencial sem nos ocuparmos do supérfluo. Nos ensinam, também, que o desejo pelo supérfluo é decorrente das nossas imperfeições morais, das quais o egoísmo é o maior expoente.

Karen Raworth, economista e professora da Universidade de Oxford, compara o mundo a um donut (sim, a rosquinha doce) e nos explica que o lugar seguro para a vida da Humanidade é a parte central da massa. Quando forçamos os limites do planeta, exigindo dele mais do que ele pode nos oferecer, temos  desequilíbrios como os efeitos extremos do clima (secas, enchentes e incêndios provocados por ondas de calor), o derretimento das calotas polares, a extinção em massa de espécies e a propagação de doenças, como o COVID-19, que nos colocou a todos trancados em nossas casas.

As mudanças bruscas do clima comprometem a sobrevivência de muitas espécies porque são tão rápidas, que não permitem a elas o tempo necessário à adaptação. E como todos os seres nós, os humanos, também precisamos nos adaptar para sobreviver. Aliás, foi graças a esta capacidade, aliada ao desenvolvimento da inteligência, que nos tornamos a espécie dominante na Terra.

Mas, voltando ao Espiritismo, o que a preservação da Terra tem a ver com a nossa evolução espiritual? Tudo! Eu diria.

Ainda que a renovação do Planeta seja inevitável de tempos em tempos, a aceleração do processo de mudança como obra de uma única espécie acarreta responsabilidades. Se formos responsáveis pela extinção de outras espécies de forma prematura e, ainda ao colocarmos a vida e a sobrevivência de nossos semelhantes em risco como fruto do nosso egoísmo, seremos responsáveis por esta mudança.

Todos os seres vivos são criaturas em essência, criadas por Deus e sujeitas às suas leis. Temos deveres morais em relação à Natureza e aos seres que nos cercam e compartilham este ambiente conosco. A Constituição Brasileira, no artigo 225, ao prever que todos temos o direito ao meio ambiente equilibrado, afirma que esse direito pertence às atuais e futuras gerações.

E, como espírita, pergunto a você: Quem são as futuras gerações?

Lembrando da Lei de Ação e Reação, não podemos nos furtar a reconhecer que as “futuras gerações” seremos nós mesmos, reencarnados como nossos netos e bisnetos. E nas experiências futuras, nos depararemos com o mundo que aqui deixamos, tornando-nos herdeiros de nós mesmos, como costuma advertir a benfeitora Joanna De Angelis.

Portanto, ao preservar o mundo que nos cerca estamos traçando o desenho do nosso próximo cenário reencarnatório. Se agravarmos as condições de vida do nosso planeta, certamente aqui deveremos voltar para consertar os estragos provocados. Talvez não tenhamos como consolo os belos cenários que hoje contemplamos e que estimulam a nossa criatividade –  proporcionando harmonia e paz nos momentos difíceis.

A Terra é a casa que nos têm acolhido em tantas jornadas. Retribuamos ao planeta as oportunidades aqui usufruídas, tratando-o com o carinho e respeito. A Natureza, em sua exuberância a beleza nos agradecerá com as oportunidades de uma encarnação frutífera, em uma atmosfera de equilíbrio e paz.

GLAUCIA SAVIN

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