NOÉ: O PRIMEIRO ECOLOGISTA DA HISTÓRIA

Alguém já tinha pensado em Noé dessa forma? Um homem cheio de coragem, salvando a raça humana e os animais diante de um desastre eminente?

Quando era pequena, minha mãe trouxe uma Bíblia em fascículos. Lembro especialmente de um fascículo com uma arca na capa, tendo ao lado a figura de um senhor com barba longa e de braços abertos aos céus. O senhorzinho estava rodeado de animais. Era Noé.

Ao ler a história, fiquei fascinada pelo patriarca que construiu sozinho uma embarcação gigantesca e nela colocou elefantes, girafas, macacos e toda a espécie de animais, aos pares. Ali também coube a sua pequena família.  Só mais tarde me dei conta de que o velhinho foi o primeiro ecologista da história da humanidade.

Pesquisadores e arqueólogos concluíram que o Dilúvio realmente ocorreu. A partir da análise de fósseis e sedimentos, chegou-se à conclusão de que o Mar Negro, que até então era um lago de água doce, teria sido invadido pelas águas do Mar Mediterrâneo. Há registros de uma grande inundação, como castigo dos deuses aos homens, em várias culturas e esses relatos são convergentes. A hipótese mais provável seria a de que o fato teria ocorrido como consequência do degelo das calotas polares do último período glacial.

Essa história fabulosa em que um homem já idoso salva a biodiversidade do planeta deveria nos inspirar até hoje.

Na atualidade, não vemos as mudanças climáticas como um castigo, mas as entendemos como uma consequência da nossa forma de vida, pós revolução industrial. Estamos sobrecarregando o planeta com mais carbono do que ele consegue processar e esses gases vêm se acumulando na nossa atmosfera, gerando um aumento na temperatura do planeta. Goste você ou não, esse aumento da temperatura, provoca o derretimento das calotas polares e eleva o nível dos oceanos causando inundações, furacões e tsunamis. Tudo isto coloca em risco a vida de pessoas que vivem em áreas sujeitas a desaparecer do mapa. Sem falar nas demais espécies ameaçadas de extinção.

Ainda que muitos atribuam a mudança de temperatura a um ciclo do planeta, não há como negar que nosso estilo de vida está acelerando esse processo. Essa aceleração produz alterações exponenciais, reduzindo a nossa capacidade de resposta a esses mecanismos.

E onde entramos nisto tudo?

Cada um de nós deve ter a consciência de que contribui para o meio ambiente, de forma positiva e negativa também. Todos, sem exceção, somos consumidores de recursos naturais e geradores de resíduos. Participamos intensamente da vida do planeta.

A Constituição Brasileira afirma que o meio ambiente é um direito que deve ser garantido às futuras gerações. Ele não é só nosso.

Mas, por acreditar firmemente em reencarnação, sempre me pego pensando que quando falamos em próximas gerações, podemos estar falando de nós mesmos, que reencarnados vamos encontrar no futuro a Terra que semeamos aqui.  Somos herdeiros de nós mesmos. Por isto, além de semear é também tempo de preservar.

Glaucia Savin

 

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