O ESPÍRITA DEVE EVITAR TEMAS POLÊMICOS?

Quando lemos este texto da Soraia ficamos com aquela sensação de que bem que deveríamos ter pensado nisso antes.

SORAIA DE OLIVEIRA GATTO

A partir das experiências vivenciadas nas eleições no Brasil, vieram à tona alguns questionamentos: espírita pode conversar sobre política? Se o fizer, pode prejudicar sua vibração?

Recorrendo ao dicionário, verificamos os seguintes significados para a palavra polêmica: discussão, disputa em torno de questão que suscita divergências; debate de ideias.

Em qualquer um dos significados, é clara a ideia de que numa polêmica serão exteriorizados diferentes pontos de vista. E quando se fala de política, é obvio que pode haver posicionamentos divergentes, pela própria natureza do ser humano em pensar e sentir diferente, pelos conhecimentos e experiências que assimilou durante a vida e suas expectativas com relação ao futuro.

Sabemos que durante o período da campanha eleitoral, houve várias ocorrências infelizes: desentendimentos familiares, amizades desfeitas, redes sociais comconteúdos ofensivos e vários posts com fake news sem a necessária checagem da veracidade. Isto causou um desconforto considerável para várias pessoas que optaram por evitar trocar ideias, inclusive colegas do meio espírita.

Diante desse quadro, como deveria o espirita se posicionar?  Evitar quaisquer comentários  ou posicionar-se abertamente?

Se considerarmos as duas opções como exclusivas, ou seja, somente silenciar ou sempre debater, podemos estar perdendo uma grande oportunidade de aprendizado na prática do autoconhecimento, da paciência e do respeito às diferenças.

A proposta aqui seria uma alternância entre o calar-se e o posicionar-se comproveito e sabedoria. Para tanto, levar-se-ia em conta as seguintes premissas: onde, quando, quanto e com quem debater ou não.

Um grande exemplo de uso dessas premissas consta em três diálogos de Kardec com diferentes visitantes: “o crítico”, “o cético” e “o padre” no livro “O que é Espiritismo”.

O codificador sabia dialogar ou encerrar uma conversa respeitosamente sem, no entanto, deixar de se posicionar, mesmo que sua convicção fosse antagônica.

Certamente, que há várias ocasiões em que devemos evitar discussões acaloradas. Durante os trabalhos espíritas não haveria nem cabimento polemizar. Isto perturbaria o bom funcionamento da tarefa espiritual. Porém, não devemos generalizar a questão, temendo polemizar e debater ideias em outros ambientes ou oportunidades.

Um bom exemplo de debate respeitoso e proveitoso ocorreu-nos durante uma aula teórica no curso de desenvolvimento mediúnico que ministro juntamente com os colegas Amilton Maciel e Leonardo Mazillo. Nessa aula conversamos sobre política de forma genérica (sem defender um ou outro candidato), pois percebemos uma onda de pessimismo com relação ao futuro do Brasil.

Através da análise de algumas Leis Naturais, reforçamos o respeito ao livre arbítrio e aconfiança na Sabedoria Divina para combatermos o desânimo em situações que não temos o poder de controlar. O resultado final foi bastante proveitoso.

Como bons Espíritas, que o ato de polemizar seja alvo de reflexão lógica e raciocinada, para aceitação ou não. Mas que nos lembremos, além das premissas “onde, quando, quanto e com quem debater”, dos ensinamentos do Cristo, onde o amor, maior mandamento, deve prevalecer acima de quaisquer divergências, sendo nosso guia seguro para quaisquer interações na vida de relação.

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