SELFIE: A FALSA REALIDADE QUE PODE SE TORNAR VERDADEIRA

Com a qualidade dos telefones celulares atualmente perdemos um tempo enorme tentando fazer a melhor selfie. Aquela que vai nos retratar em situações bacanas e com uma expressão de felicidade. Que tal transformar essa expressão da foto em um bem estar real?

NORBERTO GAVIOLLE 

Muitos dos usuários dos atuais telefones celulares nem sabem que antes do ano 2000, as fotos eram feitas por um aparelho chamado câmera fotográfica.

A primeira câmera fotográfica era um cubo de 40 cm de aresta apoiado num tripé. Foi comercializada em 1839, e utilizava uma chapa única de prata para registrar a imagem, e só os fotógrafos profissionais tinham essa câmera.

 No Brasil, denominada de Lambe-Lambe, para ser fotografado você precisava ir a um estúdio e aguardar vários dias para receber a foto.

Em 1888, a Kodak iniciou a comercialização de uma câmera fotográfica popular, assim, cada um podia tiras fotos em qualquer lugar. Ela usava um rolo de filme que possibilitava tirar várias fotos, no lugar da chapa única, mas você tinha que enviar o filme para ser revelado em laboratórios especializados.

Mas como tudo progride seguindo a lei da continuidade, em 1989, foi comercializada a primeira câmera digital. De lá para cá, o progresso da fotografia foi assombroso e popularizado.

 Hoje, as câmeras fotográficas estão instaladas em todos os telefones celulares, possibilitando tirar uma infinidade de fotos,tendo o resultado no mesmo instante.  

As fotos têm por objetivo registrar um local, uma situação ou alguém.
Esses registros, com o surgimento da câmera frontal nos celulares, nos permitem tirar a foto e estarmos dentro dela, sempre sorridentes com aspecto feliz.

Essa selfie que é uma autofoto, leva em média cinco segundos, para ser enquadrada e produzida, e esses cinco segundos “representam”, na maioria das vezes, instantes de plena felicidade, cercado de amigos, em lugares bonitos, ou com mesa farta.

Após a selfie, voltamos a nossa realidade, rosto fechado, problemas a resolver, preocupações familiares e todas as demais atribulações que nos tiram o sorriso, e do sério.

Será que poderíamos estender esses cinco segundos para uma hora e depois para vinte e quatro horas?

O quê nos impede de ficarmos felizes por mais tempo? Será que estamos fadados a sermos infelizes fora da selfie?

Será que se formos mais tolerantes, mais pacientes, menos agressivos, menos vingativos, se exercermos a compaixão, enfim, se conseguirmos ver nas situações do dia a dia, a oportunidade de adquirirmos mais experiência com a adversidade, usando a nossa inteligência para resolver os problemas que nos afligem, em vezde só reclamar, mudaríamos o nosso estado de espírito e, consequentemente, o nosso semblante?

Se deixarmos de reclamar, e passarmos a aceitar aqueles que nos incomodam como pessoas iguais a nós, que passam por problemas, às vezes mais complexos que os nossos, estaremos entendendo o outro como ele é, e não, como nós gostaríamos que ele fosse. Interessante que esse procedimento pode ser ampliado para tudo o que nos acontece.

Toda mudança no nosso comportamento passa por um novo processo de aprendizado, e pela necessidade de treinarmos aquilo que aprendemos, colocando em prática na nossa vida.

Esse treino poderia ser iniciado com as pequenas coisas, e depois disso ampliado para assuntos ou situações mais complexas, sem perder o foco de que o maior beneficiado com a mudança seremos nós.

Essa nova realidade existencial, só depende da nossa atitude proativa e não reativa. Assim sendo, mãos a obra, ou melhor, dizendo, dedo na tela registrando uma selfie real enquadrando bem o nosso bom estado de espírito.

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