Conhece-te a ti mesmo

Procurando referências na história à frase “conhece-te a ti mesmo” a encontramos na entrada do templo grego de Delfos construído em homenagem à Apolo, deus do sol, da beleza e da harmonia construído no século IV a.C.

Algumas teorias atribuem a frase ao filósofo Tales de Mileto, outros à Sócrates que teria respondido à essa pergunta com o emblemático “só sei que nada sei”.

O fato é que essa pergunta “quem sou eu?” remonta os tempos e se faz presente na vida de todo ser humano.

Encontramos registros ainda mais antigos de ~2.000 a.C. no Vedanta – tradição milenar indiana que significa a parte final dos Vedas que se dedica ao autoconhecimento e tem sua visão essencial na afirmação “tudo que está aqui é Ishvara (Deus) e você é Ishvara. Você não está separado de Deus que é tudo, finalmente a visão é que somos o todo”.

Cabe-nos notar a importância do autoconhecimento que permeia a filosofia, as tradições milenares e está presente de alguma maneira em todas as religiões.

No Cristianismo, o evangelista João registra no Capítulo 10?34 a fala de Jesus que nos convida à reflexão do entendimento do “Vós sois deuses”.

Santo Agostinho, na questão 919 do Livro dos Espíritos, nos incita a refletirmos sobre o conhecimento de nós mesmos sendo fator importante para podermos colocar em prática o processo de reforma íntima.

Quando perguntado sobre um meio prático para o ser humano melhorar-se, Santo Agostinho cita a frase “Conhece-te a ti mesmo” e diz “Fazei o que eu fazia, quando vivi na Terra: ao fim do dia, interrogava a minha consciência, passava revista ao que fizera e perguntava a mim mesmo se não faltara a algum dever, se ninguém tivera motivo para de mim se queixar. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim precisava de reforma”.

Entender e burilar o que levamos em nossa consciência, que é onde as leis morais que Deus nos deu estão inscritas é a nossa tarefa primeira na encarnação.

Não fazer ao próximo o que não se quer para si mesmo é ver no outro a extensão de si próprio, respeitar e proteger tudo o que tem vida é entender que somos interdependentes, que quando um homem cai toda a humanidade cai e quando um homem se levanta toda a humanidade se levanta. Existe uma consciência maior que à tudo permeia e também à minha própria consciência.

Então quem sou eu?

Eu não sou o corpo, que deixo a cada desencarme e se desfaz, volta ao pó. O corpo é a morada do espírito para as experiências dessa encarnação.

Eu não sou meus pensamentos agitados. Se não treinarmos a mente, eles se comportam como um macaco incansável e incessante que pula de galho em galho. Essa é uma analogia ao ritmo do nosso cérebro/ mente que na maioria das vezes está em sintonia só com o mundo exterior.

Eu sou a consciência, aquele que dá vida ao corpo e aos pensamentos. Eu sou um com o Pai e o Pai está manifesto em tudo, em todos e em mim.

FATIMA FAGNANI

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