Evolução pelo cotidiano

O contato com o plano espiritual, seja ele direto ou por inspiração, se dá por sintonia. Os espíritos não conseguem nos ajudar (e nem nos atrapalhar) se não dermos algum tipo de sintonia a eles. Ou seja, se eu for para uma montanha, ficar sozinho e passar os dias em prece, vou manter contato direto com as boas entidades e vou evoluir rapidamente… Será?

O que é a evolução. É se despojar do homem velho. Isso significa abandonar o animalismo, o egoísmo, a ira e nos iluminarmos com o amor, o perdão, a fé e a caridade. Mas lá para a montanha, para o retiro, se formos agora, provavelmente iremos vestidos de homem velho e não teremos recursos para nos despojarmos dele. Sim, porque lá nesse tipo de isolamento, ninguém vai nos provocar, não vamos nos ofender com nada, não teremos espelhos nos mostrando quem realmente somos. Também não vamos praticar um dos maiores mandamentos do Mestre, quando Ele diz que fora da caridade não há salvação. Praticar caridade com quem, se estaremos sozinhos?

E precisamos estar sozinhos, não?  Porque se levarmos um amigo, já viu… Em alguns dias já acabou a amizade. Isso é que dá se isolar vestido e homem velho.

Não estou falando, aqui, do isolamento de quem busca, eventualmente, a tranquilidade para se conectar ao alto com suas preces e meditações. Isso é muito salutar. Nem do isolamento que fomos obrigados a fazer por conta da pandemia. Esse foi necessário, para a saúde pública.

Mas nada é mais evolutivo do que o dia a dia, seja presencial ou online, do que o cotidiano, a vida familiar e todos os seus desafios, o trabalho, o ônibus e o metrô lotados, o trânsito…

Aliás, o trânsito daria um capítulo à parte. Experiência humana em que estamos sujeitos a todo tipo de teste. Teste de paciência, de perdão, de compreensão, compaixão e de autoconhecimento. O dia em que você conseguir andar 15, 20 quilômetros a 10 por hora, no horário de rush e chegar inteiro em casa, parabéns. Você estará quase pronto viver em um mundo de regeneração.

Mas até lá, aproveite as imensas oportunidades de evolução que a vida cotidiana te oferece.

Chico Xavier era um mestre do aprendizado no cotidiano (entre muitos outros enormes aprendizados que esse grande irmão nos deixou). Da admiração aos cães de raça indefinida, passando por lugares que eu e você evitaríamos e até com medo de avião, Chico era o exemplo da vida normal para se chegar à evolução. Conta a lenda que um dia ele convidou uma amiga para tomar um café em um bar. A amiga estranhou: “justo em um bar? Que ambiente ruim”. Chico teria respondido: “quando um espírita entra em um bar, ele vira um lar”.

Ria, chore, brinque e curta a vida. Sim, os espíritos nos dizem que devemos viver a vida por completo, curtir, aproveitar os momentos de alegria que esta encarnação nos oferece. Claro, a lei de causa efeito não tem pausa, mas é para aproveitar sim, com o coração aberto, com boa intenção. Nós merecemos, você merece!

Nada de ficar carrancudo, carrancuda, andando para cima e para baixo com o Evangelho debaixo do braço. Não é esse o lugar dele, e sim no coração. Daí, quando você entrar num bar ou onde quer que seja, tudo vai se transformar em lar, em um ambiente melhor, pela sua vibração, de quem está evoluindo, aqui nessa escola, aproveitando bem as aulas, mas também os deliciosos períodos de recreio.

JOSÉ RODRIGUES PASSARINHO

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