PROMESSA OU BARGANHA?

Mesmo de brincadeirinha, todo mundo já se pegou prometendo alguma coisa em troca de outra. Que feio, não? Será?

Taisa nesse texto nos conta que se trata de uma prática tão antiga quanto à humanidade e o que a doutrina nos diz sobre isso.

Desde as épocas mais remotas a humanidade apresenta o hábito de fazer promessas com o objetivo de receber algo em troca, geralmente algo material. Mesmo com a evolução do conhecimento, esta prática ainda é muito comum em todas as classes sociais. Ainda que muitos a façam de boa fé, não param realmente para pensar antes de iniciar uma negociação com o plano superior.

Uma das características mais marcantes do espiritismo é o estímulo à fé raciocinada. É o “fazer sentido” que reconhecemos nas respostas às nossas dúvidas e nas conclusões dos ensinamentos do Cristo, trazidos nas obras básicas de Codificação e amplamente discutidos em todos os estudos. É o ponto de partida e a própria sustentação da Doutrina.

Nessa linha, podemos analisar a questão 720 em O Livro dos Espíritos: “São meritórias aos olhos de Deus as privações voluntárias, com o objetivo de uma expiação igualmente voluntária?”, cuja resposta é “Fazei o bem aos vossos semelhantes e mais mérito tereis.”.

Sendo mais específicos: a) Haverá privações voluntárias que sejam meritórias?” Resposta: “Há: a privação dos gozos inúteis, porque desprende da matéria o homem e lhe eleva a alma”. Meritório é resistir à tentação que arrasta ao excesso ou ao gozo das coisas inúteis; é o homem tirar do que lhe é necessário para dar aos que carecem do bastante.”.

Ou seja, é caridade. E caridade já é realmente para muita gente uma enorme privação, quase um sacrifício. Entretanto, quando feita com o intuito de receber em troca uma retribuição ou se de alguma forma estiver acompanhada da vaidade, a mesma perde o valor.

Esperar que alguma coisa aconteça porque você está se impondo um sofrimento ou uma privação física é contra a razão humana. Pensar que isso agrada a um espírito superior ou até a Deus, é algo ainda mais nonsense.

Precisamos entender o que buscamos com nossa vida e a importância da reforma íntima para nossa evolução. Conseguiremos progredir – e isso é o mais importante, quando fizermos sacrifícios na alma, e não no corpo.

Sempre teremos ajuda quando estivermos verdadeiramente motivados na direção de uma mudança para melhor. Temos amigos no plano espiritual que nos guiam e nos orientam. E bons espíritos não cobram para nos ajudar, mas vibram junto conosco a cada pequena vitória.

Os espíritos evoluídos que passaram pela Terra devem nos servir de exemplo e orações dirigidas a eles sempre serão ouvidas. Podemos, sim, pedir. Principalmente quando o fazemos de coração. São vibrações sinceras que sempre serão direcionadas. Entretanto, mais útil é pedir por sabedoria, por paciência e para que nossas virtudes sempre superem nossos vícios. E que saibamos reconhecer quando nossas preces forem atendidas e exercitemos diariamente, acima de tudo, a gratidão.

Taisa Bacharini

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