Simplicidade e Pureza de Coração

Uma das passagens mais conhecidas de Jesus, como consta no evangelho de Marcos, 10: 13 a 16, relata que o Mestre se indignou com os discípulos que tentavam impedir que algumas crianças se aproximassem e disse: “Deixai vir a mim as criancinhas, porque o Reino dos Céus é para os que a elas se assemelham”. 

Essa é uma passagem muito doce e carinhosa, mas repleta de ensinamento e significado, como tudo que Jesus nos trouxe, e pode ser facilmente subestimada se não inteiramente compreendida.

Tendemos a imaginar que as crianças são excluídas de bagagem espiritual, o que não é verdade. Entretanto, a perfeição das Leis Naturais permite que tenhamos os primeiros anos da nossa encarnação revestidos de singeleza e inocência para nos auxiliar com o fortalecimento dos vínculos afetivos e com os cuidados necessários para a sobrevivência da nossa espécie.

Quando Jesus toma a infância como exemplo da pureza mais importante, a pureza de coração, Ele não só está se referindo à simplicidade e à humildade características dessa fase, como também chama atenção para o despropósito dos rituais de purificação da época, que eram mais voltados para fora do que para dentro, e do conceito de “impureza” contagiosa, que muito prejudicava a prática da caridade e do amor ao próximo.

Mateus conta em seu evangelho, no capítulo 5, das bem-aventuranças, que Jesus disse que “felizes são aqueles que têm puro o coração, porque verão a Deus”. Para entender melhor esse relato, vamos ao Livro dos Espíritos, questão 11, onde os espíritos nos explicam que “quando o homem não mais tiver o espírito obscurecido pela matéria, quando, pela sua perfeição, ele se houver aproximado de Deus, então ele o verá e compreenderá”. Ou seja, pureza de coração está diretamente ligada à nossa desmaterialização e ao nosso aperfeiçoamento moral.

Por que então é justamente a infância que tem tanto a nos ensinar sobre crescimento? Eu convido você a parar um pouco para refletir sinceramente sobre a essência das crianças, sobre o que tem valor para elas e como elas se posicionam diante das outras pessoas e da natureza. Garanto a você que faltaria espaço aqui para mencionarmos tantos exemplos que poderiam nos inspirar, mas faço questão de citar os sorrisos sinceros de felicidade pelas coisas mais simples, o valor real que é dado à companhia dos entes queridos, o afeto, a amizade e a empatia incondicionais, e, muito importante, a confiança que elas dispõem naqueles que as amam.

Precisamos ouvir mais a Jesus e não desperdiçar tantos ensinamentos valiosos para nosso aprimoramento. Ter simplicidade e pureza de coração não significa não ter maturidade, as duas coisas podem – e devem – caminhar juntas. Oportunidades nos são dadas todos os dias para exercitar esses valores e os exemplos, como vimos, estão onde menos esperamos. Que possamos então praticar mais o sorriso sincero, a amizade verdadeira, o encanto com a natureza e a confiança no amor divino.

Taisa Bacharini

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